O que é a mononucleose?
Apesar da crença popular, a mononucleose não é muito contagiosa. Os indivíduos que habitam o mesmo lar raramente adoecem ao mesmo tempo. É mais frequente a infecção ocorrer em indivíduos dos 15 aos 25 anos de idade, talvez devido a um contacto mais íntimo ou estreito. Na maioria dos indivíduos, a infecção pelo VEB ocorre geralmente durante a primeira ou a segunda infância, sem haver sinais característicos de a mononucleose se estar a desenvolver.
Sinais e sintomas da mononucleose
Nas crianças, a mononucleose é muitas vezes assintomática, o que significa que apresenta poucos ou nenhuns sintomas. Frequentemente, as crianças apenas apresentam alguns sintomas de constipação, ou febre ligeira a moderada, a qual pode durar até duas semanas e não é perigosa.
A mononucleose apresenta sintomas nos adolescentes e nos adultos jovens, os quais podem englobar:
- garganta muito inflamada
- cansaço, perda de energia e dores no corpo
- amígdalas protuberantes e vermelhas cobertas de pus semelhante ao cottage cheese
- gânglios inchados no pescoço, sovacos, virilhas e outras partes do corpo
- febre durante 7 a 14 dias
- dilatação do baço
- ligeira dilatação do fígado
- erupção cutânea
A maioria das crianças apenas apresenta sintomas ligeiros durante uma semana. Mesmo as que têm sintomas acentuados, acabam muitas vezes por se sentir plenamente bem em duas a quatro semanas.
Complicações da mononucleose
A maioria das crianças com mononucleose pode ser tratada em casa. É provável que a criança não precise de ir ao hospital. Por vezes, a mononucleose poderá originar complicações e a criança ter de ser observada por um médico. Tais complicações poderão ser:
Desidratação
A complicação mais frequente da mononucleose é a desidratação devido à ingestão insuficiente de líquidos. Tente evitar esta situação dando líquidos a beber à criança com mais frequência.
Dilatação do baço
O baço da criança poderá ficar dilatado enquanto ela estiver com a mononucleose. Por isso, é importante proteger o estômago ou a zona dorsal inferior. Um golpe no estômago pode provocar uma ruptura no baço dilatado e causar hemorragia interna. Este caso é considerado uma urgência.
Todas as crianças com mononucleose devem evitar praticar desportos de contacto físico durante um mínimo de quatro semanas, ou até ser autorizado pelo médico. Os atletas deverão limitar as suas actividades até o baço voltar ao tamanho normal.
Procure evitar que a criança tenha prisão de ventre. A criança também deve evitar levantar objectos pesados, o que poderá provocar pressão súbita no baço.
Se a criança tiver dores súbitas e intensas no abdómen (barriga), leve-a imediatamente ao serviço de urgência.
Dificuldade respiratória
A criança poderá ter dificuldade em respirar. As vias respiratórias poderão estar parcialmente obstruídas pela dilatação das amígdalas, adenóides e outro tecido linfático na parte posterior da garganta. Ela poderá mencionar que “sente algo preso ali”. O médico da criança pode examinar-lhe a garganta a fim de verificar se existe perigo de obstrução. É possível que a criança precise de medicamentos para reduzir o inchaço da garganta.
Erupção cutânea
Algumas crianças com mononucleose virão a ter uma erupção cutânea acentuada se tomarem ampicilina ou amoxicilina, antibióticos que deverão ser evitados se elas tiverem a mononucleose. Se o médico da criança suspeitar de alguma infecção bacteriana, assim como da mononucleose, há outros antibióticos que podem ser utilizados com segurança.
Síndrome da fadiga crónica
Os sintomas da fadiga crónica, os quais poderão manter-se por um mínimo de seis meses, são o cansaço extremo, a fraqueza e as dores repetidas.
O que o médico da criança poderá fazer em relação à mononucleose
Examinar a criança
O médico da criança fará o diagnóstico da mononucleose indagando aos pais quais são os sintomas que ela apresenta, examinando a criança e, talvez, requisitando análises ao sangue.
Medicação
Não existe medicação específica para o tratamento do vírus. O sistema imunitário do organismo tratará de combater a infecção. Os tratamentos têm o objectivo principal de melhorar o incómodo sentido pela criança.
Se as amígdalas estiverem demasiado inchadas de tal forma que quase se tocam, o médico poderá indicar algum medicamento esteróide para reduzir o inchaço.
Cuidar em casa da criança com mononucleose
Medicamentos para a febre e dores
O mal-estar originado pelo inchaço dos gânglios e pela febre pode, muitas vezes, ser aliviado com acetaminofeno (Tylenol, Tempra ou outras marcas) ou ibuprofeno (Advil, Motrin ou outras marcas).
Líquidos
Certifique-se de que a criança bebe muitos líquidos. Os batidos de leite e as bebidas frias são bastante bons. As crianças com mais de um ano podem beber golinhos mornos do caldo da canja.
A criança está a beber líquidos suficientes se:
- urinar, pelo menos, duas a três vezes por dia
- tiver os olhos humedecidos e lágrimas quando chora
- a boca estiver húmida e com saliva
Tratamento para a garganta inflamada
Se for difícil para a criança comer e beber, tente o seguinte:
- Dê à criança alimentos moles que sejam fáceis de engolir, como sopas, gelados, pudins ou iogurtes.
- Evite alimentos muito salgados, condimentados, ácidos ou cítricos, se tais alimentos agravarem a dor.
- Dê bastantes líquidos à criança, de preferência pequenos golos com a ajuda de uma palhinha ou um copo com bico.
- Se a criança tiver mais de um ano de idade, tente dar-lhe uma a duas colheres de chá (5 a 10 ml) de mel pasteurizado, para amaciar a garganta e aliviar a tosse.
- As crianças mais velhas poderão tentar gargarejar com água morna salgada.
- Os cubos de gelo e as pastilhas podem proporcionar algum alívio às crianças mais velhas e adolescentes. Todavia, não deverão ser dados às crianças mais novas, em virtude de haver o perigo de asfixia.
Descanso e actividade
A criança não precisa de ficar na cama nem sozinha. Ela poderá decidir qual o descanso que precisa. Geralmente, as crianças abrandam quando têm febre para, depois, ficarem novamente mais activas.
As crianças podem voltar à escola quando a febre desaparecer e puderem engolir normalmente. A maioria das crianças quer voltar completamente à sua rotina normal no período de duas a quatro semanas.
Se houver dilatação do baço, deverão evitar-se os desportos de contacto físico e outras actividades que possam originar lesões abdominais.
Como reduzir o contágio pelo vírus ou a infecção
A mononucleose é mais contagiante enquanto a criança tiver febre. Depois da febre passar, o vírus ainda continua a residir na saliva em pequenas quantidades por um período que poderá ir até seis meses. A criança com mononucleose não precisa de estar sozinha. Evite o contágio pelo vírus separando copos e outros utensílios. Deverá também evitar-se o beijo até a febre ter desaparecido por vários dias.
O período de incubação da mononucleose é de quatro a dez semanas após o contacto com um indivíduo infectado. Isto significa que, se a criança ficar infectada com o vírus, ela não se sentirá nem aparentará estar doente durante quatro a dez semanas após o contacto.
Quando deverá procurar assistência médica
Contacte o médico habitual da criança se:
- a criança não conseguir beber líquidos suficientes
- a criança tiver dores nos ouvidos ou nos seios nasais
- a criança não estiver de regresso à escola duas semanas depois de ter sido diagnosticada com mononucleose
- ainda existirem sintomas quatro semanas depois
- os pais tiverem outras questões ou preocupações
Leve a criança ao serviço de urgência mais próximo se ela:
- estiver desidratada
- tiver problemas respiratórios
- tiver dores abdominais, principalmente na parte superior do lado esquerdo
- começar a ficar muito doente
Pontos principais
- A mononucleose é um tipo de infecção viral que pode causar febre em crianças jovens.
- Os adolescentes e os adultos jovens com mononucleose apresentam frequentemente outros sintomas junto com a febre.
- Mantenha a criança confortada e hidratada enquanto o organismo vai combatendo a doença.
- A criança deverá evitar os desportos e o levantamento de objectos pesados. As lesões no baço podem causar hemorragia interna grave.